Vichan seiyuu.
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| Assunto: Time to Change Sex Dez 16, 2011 1:43 pm | |
| Sinopse: Tido como uma das áreas mais perigosas que se tem conhecimento, o Deserto de Artigan é, a milhares de anos, temido pelas pessoas, que se recusam a utilizá-lo como rota. Entretanto, quando um jovem decide arriscar sua sorte e envereda pelo menos, ele só não esperava encontrar muito mais do que procurava. Classificação: +13 Categorias: Originais Gêneros: Amizade, Aventura, Drama, Humor Negro, Romance, Shounen-ai Capítulo 01 ~- Spoiler:
Quente. Esse era o único vocábulo necessário para descrever o deserto de Artigan. Tudo naquela região que compreendia o deserto conhecido como o mais perigoso do continente, na verdade, não passava de uma terra distante e desconhecida além de, evidentemente, quente de uma maneira além da imaginação.
Em uma perfeita descrição, tudo que havia ali era baseado numa areia fina que formava montanhas que se estendiam até a onde a vista alcançava. Era raro ver algum viajante pelo deserto, uma vez que poucos eram os que tinham coragem de enveredar numa jornada nesta região seca e aparentemente sem vida. Além deste fator, diziam que era uma região amaldiçoada. Nem chegava a ser uma lenda, era mais um boato. “O viajante que enveredar no deserto proibido está fadado a nunca retornar para o que um dia ele chamou de lar.”
Pessoalmente eu não acreditava naquelas histórias. E mesmo que acreditasse, não seria uma dúzia de boatos não comprovados que iriam me impedir naquele momento. Eu tinha coisas mais importantes para me preocupar. Estava ficando cansado. Ao avistar um pouco mais à frente uma pedra, apressei o passo, caindo sentado no chão, apoiado na rocha. Estava morna, assim como qualquer outra coisa que estivesse debaixo daquele sol escaldante. Não era de se admirar que dissessem que, ao entrar no deserto, não sairia mais vivo. O calor era tão intenso que era possível sentir sua vida se esvair aos poucos, enquanto suava debaixo daquela porção de panos, visando proteção contra o sol forte sobre minha cabeça.
Procurei minha garrada de água, abrindo-a rapidamente e despejando o conteúdo dentro da boca, sedento de sede. Foi bastante decepcionante sentir umas poucas gotas de água escorrendo pela minha garganta. A ideia de que não haveria nada além das montanhas de areia naquele deserto começou apenas como uma suposição remota e a cada dia se intensificava mais. Não que esse fosse um motivo para desistir, afinal, mesmo que não houvesse nada no deserto em si, certamente haveria algo além deste.
O que eu realmente buscava nem mesmo eu sabia. Quando decidi sair de casa e enveredar pelo deserto a fim de descobrir algo novo, não consigo imaginar o que me motivava a fazê-lo. Simplesmente estava caminhando pela praça após o almoço, uma mania antiga, admito. Foi quando percebi que tudo que conhecia resumia-se naquela pequena cidade que vivia do comércio e das atividades portuárias. Todos que eu conhecia haviam nascido aqui e nunca haviam saído. Quando fiz esse questionamento a meus amigos, primeiro começaram a rir imaginando que tipo de piada era aquela e quando eles perceberam que eu falava com seriedade, Locke foi o primeiro a responder, como de costume.
– Porque essa ideia de sair daqui? O mundo lá fora é corrupto e perigoso, cheio de conflitos que, acredite você não vai querer se envolver. – Afirmou enquanto passava o braço por meu pescoço e abriu seu melhor sorriso.
Nesse momento, recordo não conseguir desviar os olhos da expressão espantada de Aria. Era um misto de surpresa com decepção.
– Esqueça essa ideia estupida de conhecer o mundo. As pessoas vão simplesmente dizer que está fugindo de suas obrigações e talha-lo de perdedor. – Dito isso, saiu andando à passos apressados.
– Qual o problema da Aria? Ela parecia esquisita. Aconteceu algo? – Locke perguntou logo que viu a mais nova sair apressadamente.
Meneei em negativa, que fez com que Locke se calasse por um breve momento, entretanto, logo retomou a conversa com um assunto completamente aleatório e sem nenhuma conexão com o nosso diálogo anterior. Mas eu sabia exatamente o que havia a deixado com raiva. Aria provavelmente nunca sairia daquela cidade. Depois dos pais a deixarem com o avô enquanto fariam uma viagem para conhecer um pouco do mundo exterior e nunca mais voltaram nem mandaram mais cartas, ela detesta viagens. Nunca saiu daqui. E mesmo que todos digam que eles devem estar mortos, eu sei que ela acredita receber alguma noticia deles. Se não fosse por isso, ela nunca teria se tornado carteira.
Antes, nenhuma mulher nunca havia trabalhado como carteira e devo admitir que nos primeiros dias, vê-la vestida com aquela calça verde, com o cabelo loiro preso dentro de um chapéu segurando uma bolsa surrada estufada de tantas cartas que chegaram pela balsa diária que vinha da capital, causou certa estranheza, não só para mim, mas para todos na cidade. Mas se ela se sente feliz se vestindo como um homem, andando por toda a cidade à pé, entregando cartas e provavelmente morrendo de calor embaixo daquele uniforme além de aguentar as piadas incessantes de Locke, quem sou eu para dizer algo.
Não quis discutir mais aquele assunto com eles, afinal, seria ruim se ficassem chateados comigo ou algo do gênero. Mas eu sabia que precisava sair dali. Tinha essa necessidade. Uma alternativa para sair da cidade era pegar um barco para atravessar a península, mas como várias pessoas chegaram da capital, procurando refúgio aqui, contando histórias horríveis sobre a guerra, não tardei a desistir dessa ideia, de forma que não restasse alternativa senão o deserto de Artigan.
Era realmente estranho esse sentimento. Como se eu tivesse vivido todo esse tempo normalmente e de repente, descobrir que não passei de um pássaro dentro da gaiola. E mais estranho que isso é a vontade imensurável de descobrir algo. Diferente de qualquer outra coisa. De conhece novas pessoas. De ir para novos lugares. De experimentar novos climas. De aprender sobre novas culturas. Imagino que seja por isso a irritação de Aria comigo. Mas não importa agora.
Levantei-me e batendo nas calças, a fim de retirar toda aquela areia somente para recomeçar minha caminhada. Eu já estava sem água então esperava encontrar algo logo, pois seria realmente ruim que eu morresse logo na minha primeira viagem. E o mais engraçado nesse pensamento é que consigo imaginar meu caixão, enquanto várias pessoas se despedem de mim e Aria espancando meu corpo já sem vida enquanto dizia que havia avisado para que não saísse de casa. A ideia me parece mais animada do que triste, o que é curioso uma vez que estou imaginando meu próprio enterro.
Well, fazia algum tempo que eu não escrevia nenhuma fanfic então resolvi postar essa aqui ~ | |
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