História - 1º Semana

- Quem és tu para me ameaçar, criança? Oh espera, já sei! Aquela que se acha superior aos outros, não, desculpa, enganei-me, tu és aquela que fala mas não faz nada, aquela que não tem sentimentos, fria que nem gelo. Em vez de estares a dar palpites sobre o que nós ou eu, devemos fazer porque é que não olhas para ti própria? Como ousas ameaçar-me? Pensas que tenho medo de ti? Pois bem, as coisas ficam já esclarecidas, tu não me amedrontas, nem um bocadinho. - Kanon aproxima-se de Shiori. - Vais embora? Que pena. Pensei que poderíamos ficar a conversar mais um bocadinho. O segredo que tu queres tanto proteger, pode estar em vias de ser descoberto! Quanto mais poder esse Ayo não-sei-das-quantas tem, mais servos ele enviará, até que haverá uma altura em que ele em pessoa irá chegar. E o que vais fazer para que as pessoas não descobriam esse precioso segredo? Não irás fazer nada! Porquê? Porque não haverá nada a fazer para o esconder!

- Se não tem medo de ser ameaçada por mim, então não dá valor a sua própria vida, o que é uma pena, já que pouco tempo lhe resta. - Shiori a encarou enquanto seus olhos passavam de um tom castanho escuro para um vermelho vivo. Ela continuou mantendo a calma e a expressão fria e séria. -Me desculpe se o que eu disse lhe magoou ou feriu o seu orgulho que sinceramente, eu não sei de onde você tira. Mas eu não estava insinuando nada. Fiz uma acusação direta. Não és forte o suficiente, me admira que tenha sido digna de carregar um Fragmento do Vácuo dentro de si mesma. Não tens conhecimento do que sou capaz, mais um motivo para não me me irritar. Pode dizer o que quiser de mim, pois o que vem de baixo não me atinge. Se me dá licença, eu vou seguir meu caminho. Já perdi 5 minutos de minha vida, quando eu morrer, eu vou cobrar!

Kanon ri.

- Opah desculpa mas não resisti. Estás a tentar assustar-me? - Ainda a rir. - A minha vida já perdeu o valor á muito tempo. Achas que temo a morte? Achas que te temo? Achas que pedi que esse fragmente viesse parar dentro de mim? Aahahhaahaha, quão enganada estás. "Não tens conhecimento do que sou capaz" nem tu de mim, miudinha. De onde me conheces para tirar essas conclusões? Perdes-te 5 preciosos minutos...ai ai que pena. Quando morreres vens atrás de mim, é? Por favor, não me faças rir mais que ainda começa a doer a barriga!

Kanon fica séria de repente. Os seus olhos verde-água tornam-se de um azul tão frio como gelo.

- Uma rapariguinha com mania de superioridade não me assusta, muito menos uma rapariga que acha que tem o rei na barriga. - Vira-se para Sophie e Jack. - Mais uma vez obrigado.

Kanon põe as mãos nos bolsos e anda pelo trilho do jardim, afastando-se deles.

- Sim - responde-lhe Jack.
- Eu trato disso.

São interrompidos por Shiori.

- Shiori-san, não achas que... - começa Sophie.
- Não milady. É melhor não - interrompe Jack.

Sophie olha para Kanon, vendo a sua raiva crescer.

- De nada, Kanon-san...
- Às ordens. - responde Jack.

Sophie quer ir atrás de Kanon, mas percebe que não o deveria fazer.

Com isto tudo, perderam muito tempo e novamente, estão atrasados para o almoço com Sayomi e Jeanne.
Sophie tem 4 chamadas não atendidas.

*ao telemóvel*
- Onee-chan, gomen ne mas não podemos ir almoçar com vocês.
Jeanne: ohh, que pena... Vocês ultimamente andam muito estranhos...
- Gomen ne, a sério!
Jeanne: não faz mal. Eu almoço com a Sayomi.

Sophie e Jack estão agora a chegar a casa.

Kanon caminha pensando no sucedido.

Odeio-a tanto...

Caminha de volta para casa e, ao subir as escadas, tropeça num degrau. Senta-se nas escadas e põe a cabeça a cabeça sobre as mãos.

- Quem é que aquela miudinha pensa que é? Tem o rei na barriga disso não tenho dúvidas, e fala como se fosse superior a um de nós. Que estupidez! E eu ainda me dou ao trabalho de pensar nela. Que idiota que sou.

Kanon olha por uma janela do corredor e olha o céu.

Onde estás Cannel? Quando mais preciso de ti, onii-san...

Sakura continuava sozinha.

- Eu vou sair. - diz Sakura vestindo o casaco.
Alexx: Onde vais?
- Eu não aguento estar aqui. Vou perguntar se alguém a viu. - diz ela agarrando as chaves e saindo.

Sakura corre olhando para todos os lados, e sem se dar conta, está à porta da mansão Kristalle. Vê Sophie e Jack chegarem.

- Sophie! - chama Sakura

- Sakura?

Ambos olham na sua direcção.

- Que se passa? Pareces tão preocupada...
- Aconteceu alguma coisa? - pergunta Jack.

- Desculpem-me por aparecer assim, sem dizer nada.

Sakura baixa os olhos.

- Estou preocupada sim. Há horas que a Cassidy saiu... É normal ela desaparecer um par de horas, após isso, ela volta sempre.

Ela pára e junta as mãos.

- Mas... Ela saiu de manhã e até agora não sabemos nada dela. Eu já a tentei encontrar, mas... - Sakura volta a parar - E para piorar a situação... - ela olha para eles.

- Não tem qualquer mal.

Jack e Sophie ouvem-na com atenção.

- Mas? - pergunta Jack.
- O dia... Não é o melhor - responde Sophie, olhando para ele - vai lá dentro, deixa um bilhete para a Jeanne e traz alguma comida. Encontra-te comigo na entrada para a floresta, na montanha.
- Entendido.

Jack corre para o interior da casa, para tratar de tudo.

Sophie efectua um pequeno feitiço para mudar de roupa, ficando com uma capa como a de Jack.

- Vamos! - diz, começando a correr.

Sakura olha espantada para Sophie.

- Sabes onde ela está?! - pergunta Sakura correndo com ela.

- Exactamente, não...

Sophie tira o seu staff e pronuncia um feitiço, enviando borboletas para todo o lado.

- ...Mas ficarei a saber rapidamente.

Sakura olha para as borboletas seguindo o caminho que elas mostram.

- Só espero que a encontremos rapidamente... - diz Sakura correndo ao lado de Sophie - Este dia para ela é muito complicado. Acho que se fosse atacada, não pensaria normalmente.

Ela olha para cima, vendo o céu coberto de nuvens cinzentas.

Shiori voltava para casa sem dizer nada. Yoru que estava voando ao seu lado pousou em seu ombro perguntando:

- Shiori, aquela garota insolente insultou voc~e daquele jeito e você não fez nada. Por que?

- Kanon é uma pobre coitada que tem um futuro inserto e a morte faz questão de ser sua melhor amiga. Vi o anel em seu dedo menor. Kanon está se destruindo. Se ela não encontrar algo que a mantenha viva, ou algo para valorizar sua vida, não haverá outra opção. Uma pessoa que não vive em busca de seu próprio valor não pode continuar viva. Não é sábio, não é prudente. Mesmo assim, ela riu de mim. Isso está errado, é inaceitável e eu não vou tolerar esse tipo de comportamento de uma feiticira que está a beira de uma depressão. Quem ri por ultimo, ri melhor. - Foi então que Shiori e Yoru ouviram uma risada maléfica e sínica. Um portal se abriu no ar e uma bruxa saiu dele. Lisette.

Lisette:- Ara, Shiori, sentiu minha falta ? - Lisette deu uma risada.

- Mas que pergunta, claro que sim! - Shiori disse sarcasticamente.

Lisette:- Agora, vamos tratar de negócios ... por mais que eu deteste dizer isso, estou dispota a te deixar viva com uma condição. Me entregue sua foice e seu Fragmento do Vácuo e você poderá ser só mais uma humana. Será normal. Terá amigos. Não é esse seu sonho?

- Nem de perto é meu sonho. E eu nunca entegarei minha foice a você, mesmo que eu morra, mas não vai acontecer. Não tem capacidade. - Lisette ficou visivelmente com raiva.

Lisette:- Ainda vai engolir essas palavras Shiori. Saiba que outra chance como essa não aparecerá. Hoje, meia noite, no espelho. Não se atrasase, odeio esperar. - Dito isso, desapareceu. Shiori ficou visivelmente triste. Não podia evitar. E ela percebeu, Lisette estava mais forte e sua aura negra seria capaz de engolir aquela cidade por inteiro.

Kanon chega a casa e abre a porta, encontrando Kano encontra-se á sua espera impacientemente.

- Kanon, onde é que estiveste? Estava preocupado contigo. - Diz ele.
- Apenas fui dar um passeio, precisava de arejas ideias.
- E conseguiste acalmar?
- Nem por isso, acho que fiquei ainda pior. - Kanon senta-se em frente do lobo.
- Conta-me o que aconteceu...

Kanon contou tudo a Kano, que ouve atentamente.

- O que achas que devo fazer? - Pergunta Kanon.
- Em relação ao Silver ele é o menor dos problemas, mas agora essa rapariga...deixa-me intrigado.
- Olha que não é só a ti. Ainda por cima...
- Sim, sim. Já sei! Tem o rei na barriga. Gostas-te mesmo dessa expressão, xiça! - Interrompeu Kano.

Kanon sorri levemente.

- Nee Kano, achas que algum dia irei voltar a ver o meu Onii-san? - Kanon volta a olhar para a janela da sala. - Tenho saudades dele, muitas mesmo.
- Compreendo, Kanon. Terás de ser paciente, tenho a certeza que ele um dia voltará.
- Espero que seja verdade, Kano. Espero mesmo.

- Calma. Não vai acontecer nada.

Sophie não desviou os olhos nem mudou a sua expressão durante aquela frase.

Estava preocupada com Cassidy, embora sentisse que ela estava bem.

As borboletas dissiparam-se.
Mesmo em frente de uma árvore.




- Milady! - grita Jack, chegando perto delas.
- Ali! - diz Sophie, apontando para o topo da árvore.

Cassidy estava lá, sentada a mirar o horizonte.

Sakura olhou para cima.

- Cassidy! - gritou Sakura do chão.

Não obteve resposta.

- Cassidy! - voltou a gritar, não obtendo de novo resposta.

Cassidy olhava o horizonte fixamente, como se naquele momento não estivesse ali.

- Ela não me ouve... - diz Sakura - Mas vai ouvir... - diz ela, subindo a árvore.

No instante em que Sakura começa a subir a árvore, Cassidy olha para elas, levanta-se e salta para o chão. Começa a correr e para fugir mais depressa tenta a sua transformação.

- All I want is to be strong... To be me... - grita Cassidy, com os olhos rasos de lágrimas.

Mas nada acontece. A sua transformação falhou. Cassidy cai no chão.

- Sakura! - grita Sophie.

Jack vê Cassidy saltar e desvia Sophie do caminho.

- Cassidy... - murmura Sophie, enquanto se aproxima dela.

Como eu entendo...

Jack ajuda Sakura a descer e ambos olham para elas.

- Não precisas de fugir de nós. Só queremos ajudar-te... - continua Sophie.

Sakura agarra-se a Cassidy.

- Cass... - diz Sakura agarrada a ela.

Cassidy não respondeu. Manteve a cabeça baixa, vendo-se apenas as lágrimas a cair.

- Cass... Sabes que não precisavas fugir... Eu também perdi os meus pais, lembras-te?

Ela mantinha a cabeça baixa, apenas murmurando algo que não se percebia.

- Meus fragminis est vacuus Vacuus ero meus amicitia. Ut is pervenio mihi , meus terminus mos adveho.

Cassidy...

Sophie aproxima-se e abraça Cassidy, caindo ambas de joelhos no chão.

- Entendes que nós só te queremos ajudar? E que todos passámos pelo mesmo que tu, ou até pior?

Jack sorri gentilmente, olhando para Sophie.
Sophie continua abraçada a Cassidy, passando-lhe a mão pelo cabelo várias vezes.

Diz-lhe, mentalmente:
- Não precisas de dizer nada. Apenas chora.

Shiori entrou em casa, bastante apressada. Quando ela passou pela cozinha, viu seu irmão, sua namorada Misuzu e seus pais jantando.
Saeko (mãe): Shiori, está atrasada. Venha comer alguma coisa.

- Estou sem fome. - Ela abriu a geladeira apressadamente e tirou uma garrafa de leite. - Como vai, Misuzu? - Perguntou educadamente. Está respondeu que estava bem. Shiori correu para seu quarto. Bebeu a garrafa de leito e procurou em sua estante um livro. Quando o encontrou, abriu na página marcada e leuseu conteúdo até se encostar na cadeira com ar curioso. - Hoje mais cedo, Lisette pediu que eu entregasse minha foice a ela e o Fragmento do Vácuo. Por que? Como ela sabe que possuo um fragmento? O que ela pode querer com ele. Ele de nada serve, a não ser que seja unido ao Fragmento Mestre, que se encontra com Ayo. - Foi então que Shiori se tocou. Andou até seu grande espelho e o atravessou, sendo seguida por Yoru que perguntava:

-Aonde está pensando em ir?

- A casa d Kanon, tenho certeza que ela está lá. Tem algo que preciso perguntar. - Quando ela viu uma porta que tinha escrito: Kanon Ishino. Era seu quarto. Ela briu a porta e atravessou o espelho, entrando no quarto de Kanon e a vendo conversar com um lobo preto.

Eu sei que passaste por muito, mas a diferença entre nós é muito simples. Os teus pais gostavam de ti. Os meus não. - pensou Cassidy para que Sophie ouvi-se.

Cassidy abraçou Sophie com força e secou os olhos.

- Agradeço tudo o que fizeram para ajudar. - diz Sakura.

Cassidy agradeceu com a cabeça e começou a andar para casa.

- Cass. - diz Sakura
- Hum.

Sakura agarrou-lhe o braço.

- Cassidy, olha para mim!

Cassidy desviou os olhos do chão, olhando para Sakura.

- Não voltes a fazer isto. Pelo menos avisa-me.
- Também não precisas de ficar assim.

Pela primeira vez Sakura deu uma chapada em Cassidy. Esta olhava-a perplexa. Mas este olhar perplexo transformou-se num olhar doce.

- Sakura... - diz Cassidy abraçando-a.

Na floresta rondava um sussurro. Um sussurro que fazia gelar as almas.

- Ouves isto? - pergunta Cassidy levantando a cabeça de repente.
- O quê? - diz Sakura tentando ouvir o que ela ouvira - Não oiço nada...
- Shhh... - diz Cassidy fechando os olhos - Não ouves?

Sakura manteve-se em silêncio, continuando a tentar ouvir o que ela ouviu.

- Tantum ... obscurum ... congelo quod ... incendia ... pectus pectoris ... mihi... - repetia sem cessar Cassidy.
- O quê? Isso não faz sentido nenhum...
- Tens razão... Vamos para casa.

Kanon passou a mão pela cabeça de Kano e levantou-se.

- Tens fome? - Perguntou ela.
- Sim, tens frango? - Os olhos de Kano brilhavam.
- Acho que sim, deixa-me só procurar. - Kanon foi para a cozinha á procura das latas de comida de Kano.

Kanon remexeu no armário e tirou de lá uma lata, que abriu e pôs o conteúdo numa tigela, ao lado de outra com água. Pôs a lata no lixo e foi de novo á sala, aí vê Shiori.

- É preciso ter muita lata. O que é que queres desta vez?

Kano olha para Kanon.

- Era a rapariga de que me falaste? - Pergunta Kano.

- Ah, faça-me o favor! Será que dá pra fingir que a gente não se odeia por cinco minutos? Acho que descobri uma coisa importante, mas antes preciso que me responda umas perguntas. - Ela olha seriamente para Kanon. - Sou sua convidada, não me serves nem um chá ao menos?

Kanon aponta o dedo a Shiori.

- Ouve bem miudinha, eu...
- Kanon!! - Kano interrompeu-a. - Vai fazer um chá!
- Mas...
- Vai agora! - Rosnou.

Kanon bufa e vai para a cozinha fazer o chá. Kano dirige Shiori até á pequena mesa na sala.

- Fica á vontade. - Diz ele.
- Já agora não lhe queres oferecer o meu fragmento, não?Não acredito nisto. - Kanon volta com um tabuleiro com duas canecas com chá. - Queres chá de caramelo ou de camomila?

Kanon senta-se á frente de Shiori.

- Camomila, por favor. - Kanon lhe servu. Shiori bebeu do chá calmamente. Estava fazendo tudo de forma tão calma e fria que deixava Kanon impassiente e percebia isso.

- Francamente, este é o pior chá que já provei. As folhas não foram abertas corretamente e a água está morna. Você colocou as folhas dentro do bule para depois colocar a água, isso faz com que o chá esfrie mais rápido. E mais, pelo gosto percebesse que você fez ele de completa má vontade. Saiba que o sabor de um chá muda de acordo com o sentimento que a pessoa que o fez poêm nele. Você realmente não se assemelha em nada com uma dama. - Ela pousou a xícara sobre a mesa. - De qualquer forma, não vim para lhe ensinar a fazer um bom chá, até porque isso é impossível. Kanon, vou lhe fazer umas perguntas, mas preciso que me respinda com sinceridade. Você tem algum inimigo? Digo, algum inimigo pessoal e que tenha vindo lhe ver atualmente?